quinta-feira, maio 12, 2005

Ciclos

Voltei a ler "A Montanha Mágica"! Já tinha mais do que um ano que eu não avançava 20 páginas, mas agora, tomei uma decisão: ler mais e ver bem menos TV. (Tá bom, eu confesso: assim que acabei de escrever isso, olhei o relógio, lembrei que estava passando Gilmore Girls, e fui lá dar uma olhada! Só voltei quando começou o anúncio! Vida difícil, essa sem Alias, Gilmore e OC...)

Voltando ao assunto, desde a centésima página ou por aí, a Montanha Mágica se tornou um dos meus livros favoritos. Muitas vezes, interrompi a leitura simplesmente pra absorver bem o seu texto. O que me encanta tanto nesse livro é a reflexão sobre o tempo.

Como disse nessa segunda feira o rabino com quem eu faço aula de Torá, o que nós alcançamos no mundo físico é limitado pela fronteira do tempo. Não se trata apenas de sabermos que nada é eterno, mas também de avaliarmos quanto do tempo que nós gastamos para conseguirmos coisas e espaço não teria sido melhor utilizado se nós resolvessemos aproveitar conscientemente o tempo. Ainda citando o rav, "a meta mais elevada da vida espiritual não é acumular informações, mas somar momentos sagrados". Eu me identifiquei =)

E o livro com isso? "A Montanha Mágica" se passa em um sanatório para tuberculosos na Suíça, depois da 1a guerra mundial, e basicamente todos os que estão ali estão apenas vendo o tempo passar, esperando que ele passe mais depressa para que a cura chegue logo, e ao mesmo tempo envelhecendo sem perceber porque os dias e meses passam sem deixar marca.
De tão envolvidos que estão em uma rotina rigorosa, a passagem dos anos começa a ser percebida pelas festas e pela mudança de estações. Na montanha, parece que o espaço é fechado, e o tempo, ilimitado. Se trata de uma grande inversão da realidade, para fins filosóficos. Recomendo o livro fortemente, mas apenas para os corajosos que resolverem encarar as suas 986 páginas, mesmo que aos pouquinhos!

Aí vai um gostinho do que eu li ontem, falando do relógio de bolso: "Hans Castorp fixava-o, como para deter e esticar alguns minutos, na intenção de agarrar o tempo pela cauda. A minúscula agulha saltitava pelo seu caminho, sem se importar com as cifras que alcançava, percorria, ultrapassava, deixava longe atrás, voltava a demandar e alcançava de novo. Era insensível a objetivos, divisões e marcos. Deveria demorar-se por um instante no 60, ou pelo menos dar um pequeno sinal de que alguma coisa terminava ali. Mas, pelo jeito como passava por cima desse ponto assim como por qualquer outra risca não marcada, reconhecia-se que toda essa marcação e subdivisão do seu caminho era apenas acessória, eque o ponteiro se limitava a caminhar, a caminhar para a frente... Diante dessa percepção, Hans Castorp tornava a abrigar o cronômetro no bolsinho do colete e abandonava o tempo à sua própria sorte."


E, já que eu estou escrevendo um post tão longo, um prêmio curioso pros leitores que conseguiram aguentar até o final: meu mais novo estatuto de objetivos! Meu objetivo atual é voltar a estudar filosofia. Pensar mais, meditar mais e... ler mais, o meu primeiro passo.

6 comentários:

Beta disse...

Aliás, estou dando uma nova chance aos comentários do Blogger. Me digam o que vocês acharam, ok?

Anônimo disse...

so far so good... tem carinhas felizes aqui?! :-)

Anônimo disse...

não tem... :( e ele tb não guarda que eu sou... não aprovado.

Beta disse...

O haloscan esquece todos os comentários com mais de dois meses... como o blogger é do google, e o google tem o gmail, eu concluí que o blogger (assim como o gmail) deve ter muita memória e, de repente, não vai esquecer os seus comentários! Enão não reclama e comenta aí no blogger mesmo, valeu?

Carolina disse...

ó, a coisa legal do haloscan é que se você pedir ele te devolve sua senha.

um beijo.

Beta disse...

Aimeudeus, essas pessoas sensíveis...